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Redpoint eventures Leads R$10m Series A in Brazilian Clothing Resale Marketplace Repassa (em português)
5 September 2020
Redpoint eventures led a R$10m Series A in Repassa, a Brazilian clothing resale curated marketplace. Redpoint eventures first made an undisclosed investment in Repassa in 2018.
(Exame) Foi procurando por propósito que Tadeu Almeida decidiu deixar sua carreira como publicitário para empreender. O empresário tinha sucesso na agência em que fundou, mas já não levantava da cama empolgado com o trabalho que estava executando. Em um plano um pouco megalomaníaco, como ele mesmo descreve, decidiu fundar um negócio que fosse socialmente relevante. Foi por isso que, em 2015, lançou a Repassa, uma loja online de roupas usadas.
“Queremos aumentar o ciclo de vida das roupas e diminuir o impacto ambiental da cadeia de moda. Além disso, aproveitando a cultura solidária do brasileiro, conseguimos gerar recursos para projetos sociais”, diz Almeida. Hoje, a Repassa já soma mais de 500.000 cadastros e recebe cerca de 50.000 peças por mês para venda no site.
Erros e acertos
Mas a startup não nasceu vendendo roupa. No primeiro ano do negócio, a empresa era uma plataforma para quem quisesse vender todo tipo de produto usado — desde panelas a vestidos. Rapidamente Almeida percebeu que precisava escolher um nicho se quisesse se destacar e decidiu focar em moda.
Mesmo depois da mudança, a empresa não estava crescendo na velocidade que o empreendedor esperava. Foi aí que ele teve a ideia de mudar o modelo de negócio. Em vez de fazer como os outros brechós virtuais, em que o usuário tira foto e publica as peças sozinho, a Repassa decidiu assumir totalmente o trabalho de venda, buscando a peça na casa do vendedor. Isso porque a empresa notou que as peças fotografadas internamente representavam 60% das vendas, ainda que fossem só 5% do catálogo.
Em março de 2017, foi a virada do negócio. Hoje, quem quer vender com a Repassa precisa entrar em contato com a empresa, solicitar uma “sacola do bem” e definir se quer receber o valor total das vendas ou doar uma porcentagem para uma ONG. A sacola, que custa 24,99 reais, é enviada para casa do vendedor, que precisa colocar todos os produtos lá dentro e mandar de volta para a startup. Em São Paulo, a própria empresa faz a retirada em casa. Nas cidades em que sua transportadora parceira não atua, o vendedor recebe um código dos Correios e pode postar gratuitamente seu pacote.
Depois disso, o vendedor não tem que se preocupar. A Repassa analisa as peças, fotografa, cadastra no site, faz a venda, embala e envia para o cliente. O primeiro dono da roupa recebe 60% do valor da venda na sua carteira virtual e pode usar o dinheiro para comprar no site, doar, gerar um vale compras da Malwee (que é parceira) ou sacá-lo.
Investimento milionário
A nova estratégia deu tão certo que a empresa cresce mais de três vezes por ano desde 2017. Depois de algumas rodada de investimento anjo e seed em 2017 e 2018, a startup recebeu um cheque de 7,5 milhões de reais em março de 2020, totalizando 10 milhões de reais recebidos desde a fundação da empresa. A rodada série A foi liderada pelo fundo Redpoint eventures, que também investe na Creditas, Housi e Tembici.
Não é a toa que a empresa tenha atraído investidores. Dentro das estratégias de sustentabilidade, a cultura do compartilhamento e reuso de produtos é uma das mais fortes. Estima-se que 70% das roupas deixem de ser usadas depois de seis meses da compra e uma das formas mais simples de evitar o desperdício é a venda para terceiros. Os hábitos dos consumidores já caminham nessa direção. Nos Estados Unidos, o mercado de roupas usadas deve passar de 24 bilhões de dólares para 51 bilhões em vendas nos próximos cinco anos, segundo a consultoria de varejo GlobalData e a empresa Thread Up.
A onda é tão favorável que esta semana, a Enjoei, que concorre no mesmo nicho da Repassa, entrou com um pedido para abertura de ações na bolsa brasileira. Conforme apurou EXAME, a empresa pode ser avaliada em 2 bilhões de reais com a abertura de capital.
Planos para o futuro
A captação logo no começo de março deixou a Repassa mais tranquila durante os primeiros meses de pandemia. A empresa não precisou fazer nenhuma demissão por conta da crise. A operação ficou paralisada somente por 21 dias, enquanto a startup definia como iria garantir equipamentos de segurança e transporte privado para os funcionários.
Para os negócios, o isolamento social foi positivo. De maio a julho, o faturamento da startup foi 186% maior que no mesmo período do ano passado. Para dar conta da alta demanda, a empresa contratou mais de 20 pessoas, totalizando 113 funcionários hoje.
O plano agora é seguir crescendo. E espaço para isso não vai faltar: este ano, a empresa mudou para uma sede oito vezes maior que a anterior, com 3.200 metros quadrados e capacidade de comportar até 500 funcionários.
A Repassa investe também em tecnologia e formas de trazer mais comodidade para seus usuários. Hoje, sua equipe está reescrevendo os códigos da plataforma para reduzir o tempo de carregamento das páginas e melhorar o algoritmo de recomendação de peças para os visitantes.
A partir de outubro, em parceria com a Malwee, a startup amplia seus pontos de coleta de sacola, expandindo para além da cidade de São Paulo. O objetivo é oferecer o mesmo nível de conforto para vendedores do Brasil todo.
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