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Industry News

Monashees Leads US$10.5m Seed Investment in Rental Car Provider Kovi (em português)

15 May 2019

Monashees led a US$10.5m seed investment in Kovi ,provider of rental cars for on-demand drivers in Latin America, with participation from MAYA Capital and ONEVC. Co-founders Adhemar Milani Neto (CEO) & Joao Costa (CTO) are alums of rideshare 99.

(BrazilJournal) Uma startup brasileira acaba de fechar uma rodada turbinada de seed capital para explorar um nicho ainda pouco desenvolvido na mobilidade urbana: fornecer os carros para os motoristas de aplicativos como Uber e 99, bem como fazer toda a gestão dessa frota.

A Monashees está liderando um aporte de US$ 10,5 milhões na Kovi, fundada em agosto do ano passado por dois ex-executivos da 99.

A rodada contou ainda com a participação da ONEVC, a gestora brasileira baseada em São Francisco que fez fama como um dos primeiros investidores do Rappi; da Maya Capital, o fundo de VC de Lara Lemann; e Kevin Efrusy, o sócio da gigante americana Accel, responsável pelo sourcing do Facebook e que já investiu no Brasil no Quinto Andar, na Gympass  e na Neoway.

É uma das maiores rodadas de seed para uma startup brasileira. Recentemente, a Yellow, de bikes e patinetes, captou US$ 9 milhões.

Ao contrário das empresas tradicionais de aluguel de carros, a Kovi tem um modelo ‘asset light’.

Companhias como Localiza, Unidas e Movida compram os carros em escala (com descontos gordos das montadoras), monetizam os ativos por 12-18 meses na forma de aluguel e os revendem como seminovos ao fim do período. Grande parte da rentabilidade vem exatamente da capacidade de gerar valor na revenda.

A Kovi, por sua vez, subloca os veículos das próprias montadoras, de pequenas locadoras e de empresas de leasing.

As montadoras alugam os carros à Kovi a preços atrativos e os revendem em suas próprias concessionárias ou na forma de leilões depois de um ano e meio. A companhia já aluga carros da FleetSolution, o braço de gestão de frotas da
Volkswagen.

Para as empresas de leasing e pequenas montadoras, é uma forma de dar volume e monetizar ativos que estão parados, além de uma opção para crescer e aproveitar a demanda latente sem incorrer no risco individual de cada motorista.

“Estamos no começo de uma revolução da mobilidade urbana, como a que aconteceu com o ecommerce 10 anos atrás,” diz o CEO e co-founder Adhemar Milani Neto. “As montadoras já estão percebendo que o carro vai ser visto mais como um serviço que um ativo e estão começando a se adaptar a essa realidade.”

A tese da companhia é que a economia do compartilhamento vai ensejar o surgimento de dois novos players na cadeia de valor da mobilidade: o gestor e o financiador de frotas.

Enquanto a Kovi quer fazer a gestão — com preços competitivos e serviços customizados para os trabalhadores de aplicativos — o financiamento deve ficar cada vez mais a cargo das montadoras e das empresas de leasing, diz Adhemar. “Elas têm o menor custo de captação, acesso barato a crédito e vão fomentar seu próprio mercado.”

Um ex-consultor da Bain, Adhemar foi trabalhar na 99 em 2017, quando a Didi fez um aporte milionário na companhia. Ele chegou a gerente-geral da unidade de táxis da startup e deixou o cargo em agosto para fundar a Kovi. O co-fundador João Costa, que era diretor de produto da 99 e já atuou em empresas de ecommerce como Chaordic e Beleza na Web, é o CTO da empresa.

A ideia da Kovi — ao menos num primeiro momento — não é brigar com as locadoras tradicionais, mas ampliar o mercado endereçável de motoristas de aplicativos.

Apenas 20% da população brasileira tem carro, e hoje, entre 20% e 30% da frota de 1 milhão de carros que atende aplicativos como Uber, Cabify e 99 já é alugada das locadoras tradicionais, cuja frota soma cerca de 750 mil veículos. Adhemar acredita que a quantidade de motoristas deve mais que dobrar nos próximos cinco anos — e que a participação de carros alugados pode chegar a mais de 60% nos grandes centros.

O diferencial da Kovi não vem do preço: a startup cobra praticamente o mesmo que as locadoras tradicionais. (O plano para rodar 5 mil quilômetros mensais custa R$ 369 por semana e de 8 mil km/mês sai por R$ 529 semanais).

O foco está na experiência do motorista e na gestão dos ativos.

“Apesar de também atuarem com frotas, as empresas de rent a car no Brasil estão acostumadas com o cliente que pega o carro para uma viagem curta, não com um carro rodando o tempo inteiro, sete dias por semana,” diz o CEO. “A gestão e a depreciação desse ativo são completamente diferentes e nós estamos inteiramente focados nisso.”

A Kovi tem um sistema proprietário que lhe permite acessar o risco de crédito dos motoristas, com base nos comportamentos de corrida — e dá assessoria em caso de acidentes ou roubos.

Seu sistema de segurança também é reforçado: a companhia tem um índice elevado de recuperação de carros roubados.

Nos Estados Unidos, uma outra startup, a Fair.com, investida do Softbank, atua no segmento voltado para motoristas de app, mas com um modelo diferente: ela compra os carros para alugar e no ano passado assumiu o negócio de aluguel ‘subprime’ do Uber.

Antes da venda, a Uber teve prejuízos monumentais com essa unidade, já que os motoristas que alugavam os carros tinham um score de crédito baixíssimo e detonavam os carros em jornadas longas de trabalho para conseguir pagar o valor das diárias.

“Nos Estados Unidos, a penetração de carros é de 90%, então quem alugava para o subprime cobrava muito caro”, defende Adhemar. “Aqui, essa penetração ainda é muito incipiente e o preço do aluguel é acessível.”

Atualmente, a Kovi aluga um total de 600 carros das montadoras e de outros e, com o aporte, quer chegar a 5 mil.

A companhia vê espaço para ser global — e pretende chegar, num futuro próximo, à Cidade do México, a segunda maior em termos de corridas de Uber depois de São Paulo.

Seu plano de dominação não deve parar nos carros. A Kovi quer ser uma gestora de ativos para todo ‘geek worker’: das motos do iFood e Rappi aos caminhões da Cargo X.