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Industry News

GP Investimentos Acquires Magnesita for R$1.24b (em português)

13 August 2007

GP Investimentos has acquired Brazilian mining company Magnesita for R$1.24b.

(O Globo) Em apenas quatro dias, a GP Investimentos fechou dois negócios de cifras bilionárias. Depois de anunciar na sexta-feira a compra das operações latino-americanas de perfuração e manutenção de poços de petróleo e gás em terra da americana Pride International, por US$ 1 bilhão, ontem a gestora de fundos de private equity selou a aquisição do controle da mineradora e fabricante de material refratário Magnesita. Nessa transação, o valor pago aos controladores, a família mineira Pentagna Guimarães, será de R$ 1,24 bilhão, por 70,7% do capital votante e 38,6% do capital total. As duas transações são compras alavancadas, ou seja, financiadas por dívida, e acontecem num momento em que o mercado de crédito internacional enfrenta um aperto. No caso da Pride, que marca a estréia da GP na área de petróleo e indica a nova estratégia da gestora de buscar ativos na América Latina, haverá um financiamento-ponte de US$ 600 milhões do Citigroup.

Na compra da Magnesita, R$ 560 milhões serão pagos com um empréstimo do banco ABN Amro, assessor financeiro da transação. Os demais R$ 680 milhões sairão de dois fundos da empresa, o GP III e o GP IV. Com isso, o fundo três conclui sua fase de investimentos. O desembolso com a compra da mineradora ainda subirá pelo menos R$ 403 milhões, porque a GP terá que fazer uma oferta pública de compra das ações dos demais ordinaristas, pagando o equivalente a 80% do prêmios pago aos controladores, conforme determina a legislação.

Antonio Bonchristiano, co-presidente da GP Investmentos diz que o cenário externo não afetou as negociações de empréstimo com bancos em nenhum dos dois casos.

A situação das empresas brasileiras é bem diferente de Estados Unidos e Europa, porque são pouco ou subalavancadas e os bancos querem emprestar aos juros atuais, porque a trajetória é de queda, afirmou em entrevista ao Valor. Em ambos os casos, a dívida contraída não é tão significativa e, enquanto a Pride tinha baixo endividamento, a Magnesita está com caixa líquido.

A GP avalia ainda se fará uma oferta voluntária pelas ações PN da Magnesita em circulação para eventual fechamento de capital. Neste caso, o preço a ser oferecido aos minoritários será de R$ 40, que embute um prêmio de 24% sobre a média ponderada das cotações nos últimos 90 pregões. Na negociação com os controladores, foi pago R$ 77 pelas ONs e R$ 34 pelas PNs. Os papéis fecharam respectivamente a R$ 60 e R$ 40,70 na sexta-feira. As negociações para a venda da Magnesita foram antecipadas pelo Valor em sua edição de 10 de julho.

Nas duas operações, ressalta Bonchristiano, as empresas compradas são prestadoras de serviços para setores de alto crescimento.

A Magnesita é líder no fornecimento de refratários para as siderúrgicas, que têm vários projetos anunciados, e fabricantes de cimento, que tendem a se expandir com as obras residenciais e de infra-estrutura.

A empresa tem uma participação de mercado estimada em 70% no caso das siderúrgicas e de 90% nas cimenteiras.

A indústria de petróleo está crescendo muito e as operações da Pride representam uma forma interessante de participar desse setor de forma indireta, disse ele. Na América Latina, a Pride opera em oito países (Argentina, Brasil, Venezuela, Colômbia, Peru, Bolívia, Equador e México) e presta serviços para empresas como Pemex, Petrobras e PDVSA. Segundo Bonchristiano, a Pride é a maior empresa do setor na América Latina e vem se beneficiando do movimento de ampliação das operações de prospecção por parte das petrolíferas em conseqüência dos altos preços do petróleo.

A maior parte das petrolíferas não têm infra-estrutura própria de prospecção. E hoje, falta equipamento, estrutura.

O acordo fechado entre a GP e a Pride prevê a mudança do nome da empresa na América Latina. Com um faturamento anual de US$ 824 milhões, a divisão adquirida representa um terço das receitas do grupo petrolífero americano e tem um lucro antes de juros, impostos, dívidas e amortizações de US$ 214 milhões (26%). Embora as operações adquiridas pela GP sejam de perfuração e manutenção de poços em terra, Bonchristiano não descarta que a companhia estenda suas atividades também para operações offshore.

O Brasil tem muita tecnologia nessa área e a atuação da Pride aqui no país ainda é muito modesta e restrita à manutenção, explica. Segundo ele, questões políticas em países como Bolívia e Venezuela, que têm adotado discursos nacionalistas em relação ao setor de petróleo, não preocupam a GP. As operações da Venezuela, por exemplo, têm uma participação pequena no portfólio da empresa e a relação da companhia com o governo Hugo Chávez é tranqüila. Além disso, afirma Bonchristiano, o tipo de serviço prestado pela Pride é altamente estratégico.

A Pride International decidiu vender suas operações em terra na América Latina porque sua estratégia é a de se concentrar em atividades offshore (em mar aberto). Para Fersen Lambranho, também co-presidente da GP, é crescente a tendência de empresas maiores saírem de negócios menores, como ocorreu com a Pride.

Para nós, é uma oportunidade. Um novo dono pode criar energia nova, estar mais próximo da gestão da companhia e mais focado, diz Lambranho. De acordo com ele, a GP Investments está avaliando outros negócios como o da empresa de petróleo e tem no horizonte outras operações na América Latina.

Segundo Lambranho, o corpo técnico da Magnesita é altamente qualificado e será mantido. Mas haverá troca de executivos, inclusive o presidente Eduardo Guimarães, já que os membros da família Guimarães deixarão a empresa.

Um investimento na casa do bilhão de dólares feito fora do país é inédito para uma administradora brasileira de fundos de de participação em empresas. Do total de recursos, US$ 600 milhões serão financiados pelo Citi, US$ 100 milhões serão aportados pela GP Investments , US$ 150 milhões pelo fundo GP Capital Partners IV e outros US$ 150 milhões por investidores estrangeiros que já são cotistas do mesmo fundo. De acordo com a GP, a operação da Pride na América Latina tem baixíssimo endividamento e a estratégia é a de utilizar dois ou três instrumentos para substituir o financiamento do Citi, o que pode incluir empréstimos sindicalizados e captações com títulos.